quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Vigilia

    Adormeci após amar a noite por toda a noite, após ver a Lua dentro dos meus olhos e beijar a terra e cair de joelhos no seu chão. Sonhei estrelas e aspirei nebulosas, dancei dentro do coração do Universo e devolvi meu ser ao Criador.
    O tétrico riu-se do próprio horror, a escuridão deixou-se ver e deixou-se amar. O amor preencheu tudo e todos, cada oco e as altitudes, deslizou sobre as águas e mergulhou seus abismos profundos. Ergueu-se como aurora bem no cerne do medo, do abandono, do desengano.
    O Amor reinou pelo cosmo, fez-se conhecer nos mais distantes, frios e insondáveis refúgios da dor. O Amor me tocou e expôs-me ao avesso, nu, sem armas nem armaduras.
    E assim adormeci nos braços de Deus.

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